Em Cristo, até que alguns quilômetros os separem

Em Cristo, até que alguns quilômetros os separem


Até que distancia chega sua fidelidade em Deus? Atualmente, eu ganhei carta branca para pecar em segredo. Imagine poder decidir se vai ou não curtir a boa vida de um jovem na balada, no sexo sem que ninguém da sua igreja jamais pudesse descobrir. É essa a liberdade que me foi confiada por Deus. Sim, por Deus.

Cristã há dois anos, me considero uma bebê na fé. Vindo de uma vida agitada de uma jovem mundana na flor da idade, vivi as experiências de alguém que não conhece a Cristo e tentava constantemente se preencher com os prazeres vazios do pecado. Não é à toa que o nome dessa página é Transformada pela Graça, por que realmente precisei uma grande transformação da parte de Deus para ser capaz de digitar as palavras pertencentes a esse texto.  Não sou conhecedora de tudo da Palavra de Deus, estou no caminho do aprendizado e da maturidade espiritual e não é desconhecido entre nós que a libertação leva tempo, o aprendizado é crescente durante a caminhada cristã e para isso, Deus me presenteou com uma igreja maravilhosa e amigos muito especiais que foram cruciais no meu crescimento espiritual.

A história começa a tomar um rumo diferente quando em apenas 1 ano e meio de conversão Deus me deu a oportunidade de realizar um grande sonho na minha vida, algo que eu jamais pudesse imaginar que fosse dar certo para mim.

Escrevo essas palavras direto do meu novo quarto em um frio congelante de 13° ( Eu sou do Ceará, então pra mim isso é congelante) em Sydney, AUS. Antes de Jesus me encontrar, nunca pude imaginar que um dia estaria fazendo as malas para embarcar em um intercambio do outro lado do globo terrestre. Mas Jesus me trouxe para Austrália, um sonho realizado e um milhão de novos desafios a serem encarados. Longe da igreja, dos meus amigos, longe de parte de da minha família (pois tenho uma irmã aqui comigo), um novo idioma e a distância de um planeta da minha casa. Nos momentos de profunda tristeza e solidão eu não posso simplesmente pegar um ônibus para deitar no colo da minha mãe. Uma distância esmagadora de dois dias de avião até chegar na minha cidade. Antes de embarcar, minha oração a Deus foi: eu não sei se eu consigo. Acho que não estou pronta. Eu não conseguirei ser firme tão longe e tão sozinha. Mas essa era a vontade de Deus e embarquei.
Já se passaram 6 meses desde que eu entrei naquele avião cheia de medo de ser engolida pelo mundo novamente. Mas cheguei e me encantei com tudo o que vi, cidade linda, país incrível. Logo, veio a frustração de não dominar o idioma, trabalho esgotante e pois o desemprego, solidão, insegurança, dúvidas, a saudade... Meu Deus, quanta saudade cabe em um coração. (Preciso mencionar rapidamente que moro com minha família aqui e eles são incríveis comigo e que graças a Deus nunca passei necessidade ou situações complicadas dentro de casa).

 Eu não estava errada. Eu não sou forte. Longe dos amigos, dos meus líderes, da minha igreja, da minha mãe eu vi o quão fraca eu sou. Meses procurando uma boa igreja para congregar, mas com um obstáculo relevante: o Inglês. Nenhuma congregação parecia boa o suficiente, eu me vi esfriando e esfriando. Tantos problemas e obstáculos que pareciam não ter fim e de fato, ainda não tiveram seu fim. Eu já estava afundada em uma tristeza tão imensa que sentia que nunca iria passar. Com zero por cento de forças para orar, já não me sentia mais em comunhão com Cristo e isso era o maior agravante da minha tristeza. Eu cai, ou pelo menos era assim que eu me sentia. Será então que minha conversão não foi verdadeira? Será que não sou salva? Esse tempo todo eu estava mentindo sobre ser cristã? Com tudo isso acontecendo, começaram os convites para as baladas, para as bebedeiras. O mais engraçado é que em nenhum momento durante toda essa situação difícil eu cogitei em ir para uma balada. Eu nunca fui e nem senti desejo de ir. Mas se eu já estava tão longe de Deus, que voltar para o mundo, era só o próximo passo. Em uma oração de desespero, em meio a tantas lágrimas eu falei com Deus de uma forma que eu nunca havia falado: Deus, eu te peço força e você não me dar, eu te peço ajuda mas eu me sinto caindo. Não entendo seus planos e eu não tenho forças pra lutar. Mas de jeito nenhum eu vou viver a mesma coisa de novo. Eu não aceito viver minha vida antiga. Você me tirou daquela vida para seus braços e não é pra lá que eu vou voltar. Eu não aceito, eu não quero e eu não vou voltar pra lá. Então, eu te imploro, se for para eu voltar a ser escrava do pecado, me leve agora, pois essa vida não vale a pena ser vivida. 

Eu queria poder dizer que depois dessas palavras um anjo entrou no meu quarto e me entregou uma coroa. Mas não. Eu continuei vivendo as mesmas coisas, as mesmas dificuldades, continuei lutando contra meu pecado, continuei duvidando da minha conversão por não conseguir me manter constante nos meus devocionais. Recentemente, em meio a um desses momentos, algo mudou. O Espirito Santo me mostrou que é essa tristeza que eu sinto por não ser incostante, é essa aversão à vida que eu tinha antes de Cristo que testifica que de fato eu sou salva. A negação de voltar ao passado mostra o Espírito Santo vivo em meu coração. Logo, me lembro de 2 Coríntios 7:10 “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte.

 A mensagem que eu deixo para o final desse texto é que não importa você se sinta só, durante todo o nosso sofrimento, Deus se faz presente, mesmo que não sintamos, o Espirito Santo não deixa de trabalhar em nosso coração. Deus não é homem, Ele não precisa descansar em meio a reforma do coração de alguém. Você está exatamente onde Deus quer e a força que você pensa que não tem, já está com você. Mesmo durante a minha fragilidade espiritual, Cristo continuou a trabalhar em mim. Eu não vi, não senti. Tudo o que via era que meu passado era um abismo e estava decidida que para lá eu não voltaria nunca mais. Mesmo me sentindo abandonada por Deus em algum momento, eu tinha a certeza que caminhar para longe Dele seria a decisão mais absurda que eu poderia tomar. Depois de ter experimentado tanto de Deus na minha vida, minha alma jamais se satisfaria com as migalhas que o pecado pode me oferecer. Essa era a força que Deus havia me dado todo esse tempo, mas eu estava cega pelas dificuldades do dia dia. Essa força era tudo o que eu e tudo o que eu precisava. Continuo tentando superar os desafios que foram confiados a mim por Deus. Mas dessa vez com a certeza de que estou exatamente onde Deus planejou e que não importa as circunstancias, as promessas de Deus serão cumpridas na minha vida e Ele há de ser muito glorificado através de mim. Por que eu tenho certeza que sou separada para Cristo, que minha vida não há sentido algum longe Dele e que tudo que há de acontecer comigo, será sempre para Sua glória. 

O grande desafio da Espiritualidade é você continuar crente, sem sentir, sem ver, sem experimentar e ainda dando tudo errado.

Augustus Nicodemus

Em Cristo,
Nathalie Teofilo

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